Ora, ora
Quem vem cá
À morta hora
Quem saberá?
Alia-se à escuta?
Há Lia na escrita?
Quem saberá?
(Postado para recusar a hipótese do blogger de excluir esse blog e deletar seu conteúdo. Ainda não!!!!)
"cuando todos escriben la palabra sabida
quisiera no saber la mía
escribir como quien habla por señas”
(Mario Benedetti, Preguntas al azar)
Ora, ora
Quem vem cá
À morta hora
Quem saberá?
Alia-se à escuta?
Há Lia na escrita?
Quem saberá?
(Postado para recusar a hipótese do blogger de excluir esse blog e deletar seu conteúdo. Ainda não!!!!)
"O jeito que você arruma seu cabelo procurando aquele efeitoque o mundo não quer reparar: - revela tanto.E o tempo que demora para decidirse aquilo que está ouvindo é convincente para poder concordar- e me deixa esperando.Eu posso esperar".
Olha-me, o outro, do outro lado da ponte. Nada espera, travessia, gesto, mote. Tudo desperta, resposta, reconhecimento, suporte. O outro anda e seus passos encorajam e libertam. Porque se move, provoca o movimento. Por existir, interroga, brando e silente: a que vem, o encontro? Brinda-me, o outro, com o infinito das possibilidades, brinca com o futuro, dispõe-se a mudar passados. A ponte é o outro. A ponte e o outro. Aponte o outro, para cruzar a vida. Interpela em mim o que ainda não sou. Produz-me, na resposta. O outro é um convite à outra margem, o outro é provocação: ponte a transpor. A ponte, no outro, é o outro lado, um país e suas bandeiras, mistério e possibilidade, o estrangeiro a quem acolho, mas que não fala a minha língua nem atende às minhas leis. Constitui-me, o outro, desde o primeiro olhar; tangencia-me, por vezes me atravessa. Permite passagens, oferece anteparo, cria a possibilidade. Olhar a ponte é nascer do outro, reinventar na memória texturas, vãos, lonjuras, perguntar-se o tamanho do passo, a fundura do rio, a correnteza no abraço. Há ... braço? Olha-me, o outro, do outro lado da ponte. Nada espera, travessia, gesto, mote. Eu atravesso.
A porta se abriu e eu não estava. Logo agora, que tinha chovido novamente sobre as páginas largas dos coqueiros e na areia esculpiram-se incontáveis furos, tais como furnas nos formigueiros, tais como tocas, nos pés dos muros. Logo agora, quando ainda não era a hora que gostarias, mas chegavas e percebias a geografia sublime, logo agora eu já não estava. Todos preparam as suas mortes e o tempo de esperar preparara as suas. No mar vazio além da varanda e na praia oca faltaria o colorido de um vestido distante mas que, em sua memória, voltaria sempre à casa. Como tantas vezes. Logo agora, você pensa, que eu verdadeiramente já queria, agora que já poderia. Então, esbravejaria o engano e a crueldade de seus desejos insatisfeitos: logo agora!, e o batente da porta receberia a raiva de sua mão espalmada e nesse momento talvez minha face esquerda ainda corasse uma derradeira ardência. Logo agora, moço. Logo agora!
Tudo o que exagera me enlouquece: 

Aqui vai um convite a todos vocês. Este ano NÓS, os nós dessa rede virtual de palavra-poesia, somos quatro. Quem sabe no ano que vem o Porto Poesia albergue Nós-Quatrocentos?

Há muito não escrevo nada. No exato momento em que explicito isso, penso nas centenas de prescrições, aulas e listas que vão de supermercado à manutenção da casa, bilhetes e e-mails que andei escrevendo nas últimas semanas. Corrijo: há muito não posto nada. Normal, alguns pensariam e atribuiriam aos lapsos de criatividade que acometem periodicamente a todos que escrevem. É mais. Alguns delicadamente me cobram: “o que acontece, CeciLia, há dias entro aqui no Lua e nada aconteceu?!”