quarta-feira, dezembro 08, 2010

Ah, o Amor

"cada ciudad puede ser otra
cuando el amor pinta los muros
y de los rostros que atardecen
uno es el rostro del amor."
Mario Benedetti
A neve escorria dos cumes pelas encostas e jogava, nas lentes da câmera, reflexos perpendiculares de sol e branco. Da janela oposta, ele acompanhava as mudanças do relevo, as cores das rochas, os lagos inesperadamente verdes, as curvas da estrada. Ocupávamos os primeiros assentos da parte superior do ônibus que cruzaria, durante mais de sete horas, cordilheira, fronteira e muita expectativa. Por vezes, apontava-me em silêncio alguma vertente derretendo-se pelos veios das pedras. Não estando indiferente, era antes um enigma alegre que se desenhava no meio sorriso permanente de sua face inteira, onde exibia a barba ainda não de todo cerrada e algumas espinhas. Vinte anos? Talvez.


No tempo de espera na aduana, a possibilidade do diálogo:

- Te vas de vacaciones?
- No, mi novia vive alli. Voy a cada quince dias.

E sorriu um sorriso tanto maior, quanto a alegria indisfaçada nos olhos.

- En su opinión, cuáles son los mejores lugares de Santiago?

Refletiu um instante...
- No lo sé. Todo es hermoso en el lugar donde vive la persona que amas.

(Texto e Imagem: Cecilia Cassal)

6 comentários:

CarolBorne disse...

Querida, saudade de vir aqui!
Sempre me renovo com essa lua em libra! Beijo!

Anônimo disse...

as fotos, o texto..a América Latina que tanto me habita e me faz ser. gostei imenso, CeciLia. e mais ainda de voltar aqui. beijos e felicidades.

marcos pardim disse...

salve, cecília. de passagem por tua lua pra te desejar um feliz final de ano e um ano novo tão poético quanto a língua espanhola. bj

Wilson Guanais disse...

assim que chegar aqui (os livros) eu envio, desculpe a demora, já estão prontos.

abraço.

Jacinta Dantas disse...

Oi Cecília,

Gosto do cenário que você vai construindo no texto. E o rapaz, 20 anos talvez? leva-me a imaginar sua face e seu olhar sobre o caminho. Isso é gostoso... é um exercício diferente.

Um abraço

Dalva M. Ferreira disse...

Me fez viajar no tempo, a um namoro comprido com um guapo, que infelizmente acabou em só memórias. Da cidadezinha dele se avistava ao longe a cordillera. E, de quebra, eu li em Saint Exupéry que foi ali que se cruzou os Andes pela primeira vez com o avião dos correios...