Pronto: as pessoas nascem poetas! Dom ou sina, a depender do momento, mas é caminho sem volta. Um jeito especial de olhar o mundo, umas perguntas que mais ninguém faria, e eis um ser em estado de poesia.
No cedo da manhã, Larissa olhava comigo a maré baixa.
- Onde estão seus filhos, agora? No cedo da manhã, Larissa olhava comigo a maré baixa.
Pensei um pouco. "Estão com as namoradas".
- Qual é a cor dos olhos das namoradas deles?
"Azuis, eu penso. Ou verdes..."
- Os meus olhos são negros.
Os olhos de Larissa eram onix maciços, escondidos por pestanas longas, cortinas contra a maresia.
- E os seus, de que cor são?
Olhando para ela: "marrons, eu acho". Ela considerou em silêncio durante um tempo, então concluiu, mais para si mesma do que para mim:
- Mas são um pouco verdes, também.
Confundia o mar da quarta praia com os meus olhos, a pequena Larissa, 8 anos, negra, nativa da ilha, que nascera poeta.
(Texto e imagem: Cecilia Cassal - Morro de São Paulo - Bahia - Brasil)
7 comentários:
Gente e Mar...
Que bom quando os olhos do mar se misturam aos nossos olhos. Seja qual for a cor dos olhos, o mar é sempre azul, verde...lindo, e, na mistura, o que se vê é poesia.
A conclusão de Larissa é perfeita. "Meus olhos são um pouco verdes, também". Isso é lindo.
Poeta, dom, sina...não sei, sei apenas que aqui os olhos e as palavras tecem sensibilidades como o mar. (as águas estão azuis, hoje.) profundo, CeciLia, profundo. meu abraço carinhoso.
Puro lirismo,Ceci!
Poetas são, sim, seres especiais...
Beijos,
Un moro judio
Hummmmmmmmm!!!! linda pessoa,
seus olhos marulham nossa alma e desaguam em poesia;))
SAUDADEEEEEEEEEEEE!!!!
BJO GRANDE!
durante quantos anos procurei em vão o verde dos olhos da minha mãe nos reflexos dos meus olhos marrons! Larissa é que tem razão. O verde está no mar.
Amei muito, Cecília!
Beijos.
desses encontros sempre nascem poemas...
é o que move o mundo :)
Que poema!
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