terça-feira, março 14, 2006

Laguz

Foto: Céu Guitart
Espero. Um tempo sem tempo sem hora só mistério de quando vai chegar. Espero e na espera a saudade é mero detalhe os portões esgarçados as vestes puídas a pele espessada. Espero em Laguz, o feliz no final, como todo o desfecho que se preze. E ser assim é ser é calmaria depois e dentro e antes da tormenta. É desimportar da tempestade. É oferenda de quem já entregou da vida um tudo e hoje é: Espera. Porque a vontade é um cais vazio, enquanto a nau não aporta. Provisório, como a paixão o tempo a felicidade a verdade. Porque a vida sem chances é uma vida morta. E somos muito vivos. Espero. Porque de nada adiantam as fugas as ladainhas as hipocrisias as perversões que jamais se demoraram eternamente. Que jamais te deram um ínfimo do que sei que queres. Espero porque toda mentira é vil, e sendo assim, a luz chega e fica. Um dia. Quando não mais será preciso: A espera.

11 comentários:

Ricardo disse...

Pulsante, musical. No começo até parece música, um coração. E no final, no único momento que realmente estamos sós, com aquela curiosidade sobre o "depois".
Lindo texto como é sua característica.

Bjs

marcia cardeal disse...

A espera silenciosa que percorre o grito pelas beiradas. Lindo seu texto! Beijo.

Lu disse...

Minha Lia, enquanto esperas, fias lindos rosários de palavras. E fiar também é uma forma diferente de esperar, porque a espera nos remete à idéia de não-ação, como se prostradas estivéssemos e nós sabemos que quem fia palavras jamais se abate.
Beijo na alma.

Anônimo disse...

levas o texto com uma força fantástica e com uma sensibilidade à pele. Espera, sempre esperamos e então seguimos. Bonito. beijo.

Vítor Leal Barros disse...

este texto é absolutamente fantástico Lia...muito bom mesmo

tomei a liberdade de o publicar no Sincronicidade...se for abuso depois puxas-me as orelhas... aviso que o teu braço tem que ser comprido... para chegar cá tem que cobrir o oceano...hehehe

um beijo enorme (na alma)

Cláudio B. Carlos disse...

Oi Cecilia!

Mais um belo texto.

Beijos

Anônimo disse...

Cecília, bom dia. Não é deste texto - que é de todo muito belo, muito intenso - que quero dizer-te. É da sua escrita, da sua palavra como um todo. Moça, o seu talento consegue fazer delas e com elas algo que julgo seja (ou ao menos deveria ser) o sonho e a espera de qualquer palavra: tornar-se literatura. Ponto final.

Anônimo disse...

ah, a espera ... doçura amarga arrastada nas horas, distância calada rodeada de silêncios e as vezes de risos.... Que lindo texto o seu!! Adoro voltar aqui.
Bjs.

Edilson Pantoja disse...

Cecília, outra vez por aqui, outro bom texto. O mesmo talento.
Abraços de Belém!

Ivã Coelho disse...

A espera nunca é vulgar, quando se sabe o que esperar. Particularmente tenho o espírito complacente com as esperas, mesmo quando me canso e vou embora. Enfim, sou sempre paciente.

Beijos librianos, Ceci.

Dalva M. Ferreira disse...

Concordo com os comentadores, em gênero, número e bocaberta!

Abraço da Dal.