domingo, junho 28, 2009

Missivas do Porto e do Rio

Só quando transgrido alguma ordem
o futuro torna-se respirável.
Mario Benedetti
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Toda a redenção é vã.
Adoraria ser filha do vento,
Não há perdão na Palavra, assumo.
mas vim sob a insígnia do tempo:
Ainda assim, a letra é o que me cabe neste labirinto.
assim sigo, sendo em mutação.
Abdico de fios, sementes ou migalhas que
É sobre a terra e sob a sombra que
remotamente possam conduzir-me à saída.
encontro a fecundidade do que posso vir a ser.
Escrevo para perder-me.

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(Texto: CeciLia Cassal / Eliza Maciel -
imagem: HUDSON PONTES - RJ - Baía de Guanabara ao entardecer )
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Isto é um convite. Uma proposta. Uma notícia. Quase uma ameaça. Quando o Porto-quase-sempre-Alegre e o Rio-de-Janeiro-que-continua-lindo encontraram-se em junho, inauguraram uma Esquina na Lua chamada Missivas do Porto e do Rio. Nem desacato na esquina, tampouco uma lua orbitando em libra. Apenas duas amigas que escrevem cartas e transgridem na exposição possível: a da palavra. Desde já, você está convidado. Sente-se no cais. Deixe as pernas balançando sobre as águas. E pense com a gente. Interfira, dê palpites, pitacos, sugestões. Entre de sola, sem sola, se jogue na água, braceie, mergulhe. Volte à tona com um peixe. Deixe-o escapar. Seja como for, no fim riremos juntos. Ou não.

5 comentários:

Paulo Bentancur disse...

Grande CaciLia,

passei aqui para dizer que notei que tens escrito mais. Bem mais. Parece que andas mais motivada, e isto motiva a todos os que gostam de ti, como eu. Que bom! Quanto à qualidade do teu texto, e dos textos que citas, nem tem o que dizer...

Beijão.

Janaina Amado disse...

(Os // marcam o final de cada verso)

Missiva da lagoa

Espreito cada um dos movimentos//
não de estrelas, manhãs nem firmamentos.//
Vigio sim meus tumultos intestinos://
minhas rãs, meu lodo, caraguejos.//

Busco o substrato da palavra. //

Mara faturi disse...

Linda,

eu gosto tanto de seus textos quanto de vc ( e isso é imenso, viu?), rsrs!

Obrigada pelo carinho ontem, seu brilho e presença fizeram toda diferença em minhas "ANDANÇAS",
Bjo!

Anônimo disse...

Que bom que existam esquinas... que bom que as águas se encontrem... que bom chegar com os olhos cheios de Tejo onde deságua meu Capibaribe e encontrar aqui um blog assim, que estende as mãos para que a poesia dance em ciranda.

Parabéns, meninas... E se me permitem, esta pernambucana vai voltar com sandálias nas mãos para escrever na areia que vocês tão bem prosearam!

Katyuscia.

Anônimo disse...

CeciLia, cheguei de viagem agorinha... peguei carona com um pombo-correio que levava "missivas" amarradas com laço de fita, e que me a[porto]u no parapeito de uma janela de dupla vidraça... de um lado, dava para um "rio", que me sorriu de olhos marejados... olhava para o lado "alegre" de saber o sabor das partilhas. Que linda ponte vocês duas tecem! Os papéis de carta têm as impressões de quem sente a vida até do avesso. Maravilhada! Selo dourado para vocês.

Carimbo-vos minha admiração.

Katyuscia.