Por entre os carros e através dos dias e por detrás das falas, eu me perguntava por onde andavas quando eu era insônias e desterros e solidões. Onde estavas, quando não te via no capim alto dos beirais de estrada, nas arestas duras dos picos gelados, nas praias vazias, nos ancoradouros órfãos de embarcações, onde? Quando te procurava entre risos e urgências, por que não achava?
Eras, acaso, algum rosto rosto entrevisto e esquecido, entre tantos a acordarem-me a timidez dos olhos baixos e dos meios sorrisos, outro dia, pela rua?
Hoje sei de um saber que sempre tive, mas houvera guardado sob as pedras do esquecimento, não eras tu quem te escondias. Eis que calha agora ser de tarde e a tarde é sempre essa exuberância de cigarras e estridências e andorinhas, quando os recomeços chegam. É de tarde e eu sei para sempre teres chegado.
Eis que o silêncio muda seu tom e, se assim chegas, é que só nessa hora tenho-te ouvidos.
(foto e texto: Cecilia Cassal)
4 comentários:
só eu sei o quanto esperei por essa cantiga.Parabésn poetisa! que venham mais!!!
bjs
Oi Cecilia!
Bom tê-la de volta. E que belo texto de recomeço!
Beijos do *CC*
Lindo!
Texto e fotografia...
Sonoridade poética aos nossos ouvidos.
A Vânia me convidou para vir aqui te dar um Abraço,
Meriam
porquemmepensa.blogspot.com
contente por demais com teu retorno.
abraços
Rubens
Postar um comentário