Do faro setecentista
a gente vê ou pressente
através do rio que é de prata
(pero solo en noches de plenilunio)
tão longe, o porto distante.
Na segunda hora
da tarde
solta as amarras
o último ferry-boat.
(Era Colônia de Sacramento
do lado de cá
e eu queria – mais que tudo –
um destino novinho, improvisado,
de chofre arrancado
da cartola,
do alforje, da algibeira.
Um destino fresquinho
como estes que a gente
leva a vida pensando
que um dia vai fazer.)
Do lado de lá era um puerto
Madero
e suas austeridades.
Um puerto
e seus cosmopolitismos.
Do lado de lá, a sofisticação
das gentes bonitas
nos bares de meia-luz.
Havia entre os dois
um rio-quase-mar
que era mais Prata
Havia entre os dois
um rio-quase-mar
que era mais Prata
em noite de lua cheia.
(E tudo de que precisava
era a impossibilidade
de uma travessia ousada,
uma escolha de última hora
(E tudo de que precisava
era a impossibilidade
de uma travessia ousada,
uma escolha de última hora
para a vida toda)
Depois das quatorze horas
partiu o último barco.
Mas tu eras tão puerto
Madero
e eu tão colona
- de Sacramento.
Depois das quatorze horas
partiu o último barco.
Mas tu eras tão puerto
Madero
e eu tão colona
- de Sacramento.
(A vida é mesmo estranha. Por vezes nos rouba a palavra. O mote - porque ou embora forte - estanca no ar o gesto. Por todo este mês nem uma frase organizada conseguiu sobreviver às correrias. A alma se escondeu em paragens distantes, mas devidas. Gostaria de desejar a todos - especialmente aos que não consegui responder os gentis comentários no último mês - um 2007 das melhores travessias. Tomem seus barcos, cruzem o rio. Sim, eu sei lugar comum, mas a vida é rápida demais para hesitações. Cuidem-se bem, mas não impeçam seu curso. Abraços.)
11 comentários:
O curso do rio é inevitável, minha Lia...
Beijo enorme na tua alma com o profundo desejo de um Ano Novo que nos traga o encontro.
Idem idem idem idem... do meu recôndito igarapé, da curva mais hiperbólica do meu lontano igapó, eu coaxo em eco: Feliz 2007!
amores impossíveis são os fios do(a) bom(a) artesão(ã) tecer a teia que enreda a si mesmo(a). 1 beijo e ótimos dias no ano que se fez novo.
por aqui, um rio de águas barrentas. atravessarei-o.
bjo e feliz 2007 pra vc.
Águas detidas pela estiagem... o sul vai virar sertão, mas nem que seja um córrego, eu vou atracessar! Feliz 2007!
Boas travessias para ti en ese començo do ano...
Feliz 2007.
hoje tem poema seu lá.
abraço, ótimo 2007
maravilhoso poema. adoro vir aqui e encontrar palavra nova. abraço grande. seja lindo os seu novo ano.
Cecilia,
Entendi tus melhores votos para 2007... em português...
Um abrazo.
Até otra.
que nos seja leve a travessia! beijos
Gracias, Linda.
E vamos cuidar dos rios. Os da ventura e os verdadeiros.
Postar um comentário